Mara Álvares Pasquetti (Porto Alegre, RS, 1950). Artista visual, fotógrafa e professora. Mara Alvares desenvolve seu trabalho artístico com pintura, gravura, fotografia e performance, questionando o corpo feminino, suas potências subjetivas e seus modos de produção individual e coletiva no campo das artes. Forma-se em artes plásticas pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1973. Durante a graduação, estuda gravura em metal com o artista visual e professor Iberê Camargo (1914-1994). Entre 1976 e 1978, envolve-se com o coletivo de artistas Nervo Óptico, onde organiza discussões e exposições coletivas. Trata-se de um grupo que investiga a fotografia em uma perspectiva ampliada, incorporando suas metamorfoses gráficas, como a produção autônoma de cartazes e livros de artista. Entre estudos da linguagem, da performance imagética e das novas visualidades dos meios de comunicação, abre-se um campo de experimentação para uma arte híbrida, combinatória e em suportes transmutados. Com uma visão crítica sobre a imagem, o grupo confere novos pensamentos visuais em seu regime de exploração e indagação, colocando-se contra um engessamento do sistema artístico e institucional e trazendo a público o texto intitulado Manifesto, assinado no ano de 1976, em Porto Alegre. O coletivo produz um pôster mensal do trabalho de um artista convidado, com impressão média de 2 mil cópias, gerando uma larga circulação e promovendo a produção artística local. Em 1977, Mara contribui no segundo pôster da série, com uma sequência de fotografias que documentam uma parte do trabalho Adansônia (1976-1978), uma performance em que a artista se movimenta de forma quase imperceptível em um espaço aberto. A obra ilustra o início de sua pesquisa em torno das interações do corpo no campo da performance e da fotografia. O termo Adansônia surge de um gênero de árvores de folhas caducas conhecido como baobá. A série fotográfica, de mesmo nome, trabalha experiências íntimas com a natureza, em que o corpo da artista cria relações metamórficas e simbióticas com a paisagem. A composição imagética de cada fotografia desvela em suas camadas as questões políticas da época, o corpo em relação livre com seu ambiente, e incita o desaparecimento das culturas e as preocupações com os efeitos das atividades humanas sobre a Terra. A série se divide em três obras, sendo a primeira, Jogo de Esconder em 6 Toques, um trabalho constituído por seis fotografias e composto de uma performance junto a rochas, onde é possível ver partes do corpo de uma pessoa escondida por trás das pedras. O segundo trabalho da série, Adansônia II, traz mais seis fotografias, repetindo o gesto da primeira obra, em uma paisagem praiana, onde um corpo se esconde por trás de um coqueiro, sendo possível avistar um rosto na última imagem. Na última obra da série, Adansônia III, numa paisagem mais densa de floresta, as seis fotografias que a compõem mostram os fragmentos de um corpo que abraçam uma árvore. Em 1979, Mara Alvares e outras oito artistas fundam o centro cultural Espaço N.O., instalado na Galeria Chaves, em Porto Alegre. O nome da galeria é uma referência ao grupo Nervo Óptico. O espaço abriga experimentações artísticas e discussões sobre vários aspectos da produção contemporânea, e se abre para cursos, palestras, concertos musicais, exposições, eventos multimídias e performances. Constituída de um acervo documental e patrocinando diversos eventos que atuam em mostras nacionais e internacionais, a galeria funciona até 1982, mas seu arquivo se mantém, administrado pela artista Vera Chaves Barcellos (1938), que também integra o grupo desde seu início.
Em 1980, Mara Alvares se muda para os Estados Unidos, onde passa a estudar arte da performance e fotografia na School of the Art Institute of Chicago (SAIC) [Escola do Instituto de Arte de Chicago]. Entre diversas atividades da escola, Mara também participa de uma performance dirigida pela artista e performer americana Carolee Schneemann (1939-2019), referência feminista conhecida por influenciar diversas artistas mulheres. Em 1984, Mara Alvares recebe o prêmio aquisição do 7º Salão Nacional de Artes Plásticas da Fundação Nacional de Arte (Funarte), no Rio de Janeiro. De volta ao Brasil, em 1993, a artista torna-se professora de pintura na UFRGS. Em 2018, a série Adansônia compõe o conjunto de obras de 120 artistas latinas e chicanas (americanas de origem latina) da exposição Mulheres Radicais: Arte Latino-americana, 1960-1985. A exposição tem o intuito de difundir o conhecimento sobre artistas mulheres latino-americanas, tornando-se um importante marco na carreira da artista. Com larga itinerância, passa pelo Hammer Museum, em Los Angeles, pelo Brooklyn Museum, em Nova York, e pela na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em São Paulo. As obras de Mara Alvares articulam o emprego do corpo pela arte, seja como suporte ou proposta investigativa de problematização da subjetividade em esferas simbólicas, políticas e sociais. Sua pesquisa engloba modos de produção coletivo e a circulação de um sistema de arte anti-hegemônico. | Fonte de pesquisa: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9204/mara-alvares
| Fonte da imagem: https://i.ytimg.com/vi/2C6wORcmzzc/maxresdefault.jpg | Acesso em: 26 jan. 2022.